quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Abandono afetivo


Diana era uma menina de 17 anos que perdera o seu avô precocemente.

Após a sua perda, teve que morar com a sua tia Meri, irmã do seu avô.

Diana, parara os seus estudos para trabalhar, sabia que se trabalhasse,  podia ajudar a sua tia, com as despesas da casa.

Certo dia, final de expediente do trabalho.

Mari, sua prima a convidou para voltarem juntas, lhe ofereceu uma carona.

Disse que seu namorado Mario, junto com seu amigo, as levaria para casa.

Diana, sem pestanejar aceitou o convite. Não via problema em vir de carona, já que eles passariam próximo da sua casa.

Mario, veio então com o seu amigo Roger. Pegou as meninas, e as levou para casa.

Diana ficou conversando com os seus amigos, na entrada do portão de casa. Ficaram no carro, pois estava chovendo muito naquele momento.

Roger e Diana nunca havia se visto antes, então ali começaram uma amizade.

Ambos eram muito tímidos, mas a conversa fluía aos poucos.

De repente, ouviram e viram vultos atrás de uma árvore. Perceberam ser sua tia, que estava li espionando.

Diana ficou com receio do que ela podia pensar e pediu para seus amigos a deixarem mais a cima da entrada de casa. Falaria para a sua tia, que tinha vindo de ônibus.

Porque sabia que ela não aprovaria sua atitude.

Mas não adiantou muito, a sua tia já havia-lhe visto ali.

Ao se aproximar da sua tia, Diana foi puxada pelos cabelos. Meri, estava muito brava.

Começou a xingar Diana, com palavras grosseiras e de baixo calão.

Meri deixou claro para ela, que quando chegassem em casa, que ela iria "mata-la", que iria bater nela, para ela aprender a nunca mais mentir.

Diana apavorada, não pensou duas vezes, se soltou e saiu correndo para longe da sua tia.

Fugiu, sem rumo, sem pensar para aonde iria. Apenas correu!

Corria, sem pensar.

Tirou os seus tênis, para correr mais depressa, molhada e cheia de barro, ela fugiu em direção a estrada principal.

Assim, que chegou nesta estrada. Apareceu um carro e ela continuou a correr.

Quando o carro passou por ela, perceberam ser os meninos que haviam deixado a sua prima em casa e estava retornando.

Pararam o carro e perguntaram o que ela fazia ali, naquela chuva, naquele estado.

Então, Diana contou o que havia acontecido.

Não pensaram duas vezes, colocaram Diana no carro e voltaram parava casa de Mari, sua prima.

Enquanto iam ao encontro dela, Diana liga para ela e relata o acontecido.

Mari estava junto da sua mãe, enquanto Diana explicava o que ocorrera.

As duas então tiveram uma ideia.

Levar Diana para um outro local, onde a sua tia não a encontrasse.

Assim, o fizeram. Levaram Diana para Loy, prima de Mari que morava em outra rua.

Todos acharam que ali Diana não seria encontrada.

Até que, a polícia bate na sua casa, procurando por Diana.

A sua tia, sabia que elas eram amigas.

Meri, desceu do carro já puxando Diana e falando palavras horríveis para Loy, porque Loy era uma mulher separada e não tinha uma boa fama.

Loy ao tentar ajudar, acabou por ser ofendida.

Diana passou a noite na filha de Meri, mal conseguiu dormir pensado o que seria dela, assim que o dia amanhecesse.

No dia seguinte,Meri já havia pensado em tudo, já tinha decidido não cuidar mais de Diana.

Levou Diana até uma delegacia e a entregou. A orientaram entregar ela ao responsável legal.

Então Meri assim fez, levou Diana até a sua mãe, que morava em outra cidade, mãe essa que Diana não via a 17 anos. Não tinha vínculo e nem convívio.

Deixou Diana lá, apenas explicara que não tinha condições de cria-la a partir daquele dia.

Diana apenas chorava, não sabia o que fazer, não tinha para aonde ir.

Tinha apenas que aceitar o que estava acontecendo.

Quando ela achou que tudo tinha acabo ali, a sua prima Mari chegou para buscá-la. Sim, Diana iria morar com ela e os seus pais.

Não precisava ficar com a sua mãe, que mal a conhecia. Não precisava ficar num ambiente totalmente estranho para ela.

As duas então, voltaram para casa de Mari.

Diana mais aliviada, tranquila e feliz.

Sabia que estaria perto das pessoas que ela conhecia e amava. 

Porque eles sempre o tratara bem e com carinho.

Assim, foram os dias de Diana, ela voltou ao trabalho e a sua vida seguiu, agora com novas oportunidades.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Nasce uma mãe?

Sobre o dom de ser mãe, posso dizer que nunca tive.
E nem acredito nessa conversa.
As pessoas vão se chocar quando lerem isto, vão achar um absurdo e vão falar: como assim? Que absurdo, louca!
Mas, pra mim essa sempre foi a verdade e a minha realidade.
Sou uma pessoa de pouca paciência, não tenho paciência e sabedoria para lidar com crises, choros e birras.
E na minha cabeça, mãe tinha que ser, um "ser sagrado", muito paciente, calma, zen, aquela que fala tranquilamente e mostra equilíbrio, sem se estressar com a situação.
Eu digo com todas as letras, essa pessoa, não sou eu!
Sempre fui muito bruta, estabanada, agitada. E ser delicada nunca foi meu forte.
Ouvia sempre dizer que quando um bebe nasce, automaticamente, nasce uma mãe. Hoje sendo mãe eu discordo totalmente.
Pelo menos não foi assim comigo, porque, pra se amar alguém, tu tem que conhecer, conviver e aprender a amar aquela pessoa.
O amor não nasce do dia para a noite.
O amor tem que ser construído aos poucos,  acontece todos os dias, a cada acordar, a cada mamada, a cada troca de fralda, a cada troca de olhar, a cada troca de sorriso e em todos os momentos.
Por isso eu penso,  que é um amor que se construí, tu tem que aprender amar aquele novo ser.
Tu não sabe nada sobre ele, o que  pensa, sente ou o que quer.
Isso tudo é construído e aprendido no decorrer dos dias, meses e anos.
Depois de um certo tempo sim, tu já sabe algumas coisas sobre e percebe que há um sentimento ali, há algo entre vocês, uma afinidade. Percebe que vocês tem os mesmos traços, a mesma personalidade e até as mesmas expressões.
E mais adiante, descobrem ainda que há mais coisas em comum, como os mesmos gostos, as manias e as mesmas chatices.
E quando menos se espera,  tu vê que já está tomado por um amor,  um amor que só Deus para explicar.
Um amor que foi construído com todas as dificuldades e lutas.
É tão grande que nem cabe no peito, é um sentimento que doí só de pensar em ficar longe daquela pessoinha.
É um amor gigantesco.
Tu não se imagina mais sem ele por perto.
Tu não lembra como era tua vida antes dele chegar.
Ele é teu espelho, tua semelhança, faz as mesmas coisas que tu, repete tudo que tu fala e faz.
Ele é tu, mas muito melhor e perfeito!
Ele é a tua outra metade, que sem ele não tem como viver!
Por isso eu repito, nunca foi dom, foi uma construção, pedrinha por pedrinha.
Até se tornar o que é hoje, um Castelo de amor!








terça-feira, 19 de maio de 2020

Depressão Pós - Parto


Os primeiros meses do Pedro em casa foram bem tensos.
Era para ter sido maravilhoso e sublime, mas se tornou algo bem assustador e sombrio.
Não sabia muito sobre ele, nunca havia cuidado de um bebê antes,  tive que descobrir e aprender tudo aos trancos e barrancos, era tudo novo.
Sabe quando te dizem que bebês não vem com manual de intruções e tu fica sem entender? Pois bem, agora tinha entendido. 
Deveria vir sim, com certeza facilitaria muito para as mamães de primeira viagem, assim como eu era.
Tive  primeiro que conhecê-lo e depois aprender como cuidá-lo e criá-lo. Um serzinho tão frágil e que dependia totalmente de mim.
Não foi fácil porque além de aprender os cuidados diários, tive mais algumas dificuldades pelo caminho e o choro excessivo foi uma delas.
E para me deixar ainda mais nervosa, ouvia das pessoas que aquilo não era normal. Que ele tinha problemas.
Foram dias bem nebulosos, que lembro como se fosse hoje e olha que já se passaram alguns anos do acontecido.
Foi bem traumático e sofrido não ter ajuda naquele momento. Quem sabe não teria chegado onde chegou. O único apoio que tive foi do marido, que assim como eu, não sabia nada sobre cuidar de um bebê. Não tinha ideia das coisas que deveria ser feito.
Os primeiros quinze dias, achei que  poderia ser os sintomas do puerpério, onde os hormônios  que estavam nas alturas, começavam a despencar.
Acreditava que toda aquela melancolia e os choros sem explicações passariam.
Esperava e rezava para todos aqueles sentimentos irem embora mas, infelizmente, não foram.
Eu chorava o tempo todo e a cada dia me sentia mais fraca, incapaz e tristonha.
Era para ter sido o momento mais lindo  e marcante da minha vida, tinha esperado tanto para viver aquilo.
E eu não me sentia feliz, horrível de pensar, porque eu deveria estar. Tinha um filho lindo e saudável, mas era como me sentia.
Nada fazia sentido, parecia surreal, só queria que tudo voltasse ao normal, como era antes, queria minha vida de volta. 
Queria ter paz na hora do almoço, tempo para um bom banho e uma noite de sono revigorante.
Nada daquilo fazia mais parte da minha vida. Tinha me tornado mãe e não tinha mais tempo para essas coisas, que antes parecia ser tão banal.
Foram tantas mudanças, que minha cabeça não aceitava, não funcionava como antes, não me reconhecia.
Eu sempre fui uma pessoa animada, de alto astral, que adorava uma boa conversa e dar risadas.
E eu não era mais assim, tudo na minha volta, havia perdido a graça,  estava tudo tão nebuloso, não via mais alegria nas coisas.
Me olhava no espelho e meu olhar era de tristeza, não tinha mais aquele brilho nos olhos. 
Pedia à Deus para voltar tudo como era, suplicava por ajuda.
Ao mesmo tempo que queria desaparecer, pensava que não podia abandonar aquele ser,  que não tinha culpa de estar ali, passando por aquilo.
Era um turbilhão de emoções, de medo, culpa e insanidade.
Nunca passou pela minha cabeça fazer alguma coisa de mal com o Pedro, mas pensava em várias vezes acabar com a minha vida, para não viver mais aquilo.
Não pensava em fugir e abandoná-lo. Não queria que ele passasse pelas mesmas coisas que eu havia passado. Por isso, pensava em dar fim a minha vida, porque aquilo não seria um abandono, não seria covardia da minha parte.
Por muitos meses vivi assim, até que meu marido decidiu que era hora de buscar ajuda,  porque ele viu que um dia chegaria em casa e eu já teria cometido alguma coisa contra mim.
Comecei a fazer terapia com uma psicóloga uma vez por semana e passei por um psiquiatra, que deu o diagnóstico de Depressão pós parto.
Me receitou um antidepressivo, que ajudou ainda na produção de leite. O que foi ótimo para mim e para o Pedro.
Cada vez que ia na terapia, parecia que um peso saia das minhas costas, o que foi muito bom para a minha melhora.
Fiquei em tratamento por 6 meses mais ou menos, foi ótimo para começar a me relacionar  com meu filho, pude perceber como ele era como bebê. Parecia que eu estava acordando e descobrindo como realmente era a maternidade.
Foi somente apartir daquele momento, que comecei a me tornar mãe, porque até então, era uma desconhecida para meu filho.
Era para eu ter sido o porto seguro dele e não fui, fiquei devendo isso a ele.
Não consegui aproveitar quase nada dos primeiros meses dele.
Mas graças a Deus, eu estava  me curando e começando a curtir aquele momento.
Foi um pouco mais tarde do que imaginei, mas a tempo de ver ele crescer e poder ofertar o meu verdadeiro amor, como ele realmente merecia.
Não foi fácil, mas hoje estamos bem e com um laço forte de amor para sempre!
Não conseguirei recuperar o tempo perdido, mas tentarei ser a melhor mãe que ele nunca teve.
Nunca é tarde para melhorar e dar o seu melhor!




segunda-feira, 11 de maio de 2020

Os primeiros dias em casa



Os primeiros dias em casa foram bem tranquilos, tivemos muitas visitas, colinhos e carinhos de quem vinha.
Pedro estava mamando em livre demanda e dormia bem quando estava no colo.
No inicio parecia ser normal, mamava e dormia como todos os bebes.
Com o passar dos dias, as visitas foram diminuindo, só recebia os familiares.
Fomos ficando só nós três e as dificuldades começavam a surgir.
Na hora do almoço era sempre um caos, só conseguia almoçar com ele no colo, conseguia tomar banho ou comer alguma coisa quando o Henrique estava em casa. Ele não parava no carrinho, nem no berço, acordava sempre que largava ele.
As sonecas eram curtos, duravam cerca de 15 minutinhos.
Eu não conseguia me alimentar como deveria, não sentia fome e nem tinha tempo para comer tranquilamente, ele só queria o peito. Se não estivesse mamando, estava chorando.
Aquela situação estava me desgastando, as pessoas diziam que aquilo não era normal. Porque todo recém nascido dormia muito.
Com o Pedro nunca foi assim, ele chorava sem parar, não ficava no colo de ninguém. As pessoas não conseguiam ficar com ele por muito tempo, que ele berrava e ninguém acalmava.
Comecei a entrar em desespero, porque não sabia o que fazer, jamais imaginaria que seria daquela forma, tão cansativo. Não saia mais de casa, porque ele só chorava e as pessoas não entendiam.
Todos tinham uma opinião sobre o assunto, mas a que mais me marcou foi a que ele poderia ter algum transtorno neurológico.
Ficava em pânico sempre, em ouvir tantos achismos.
Eu não sabia o que pensar, nem a quem recorrer. A cada choro dele, eu chorava junto, foi bem traumático.
Não tinha experiência, era tudo novo, não tinha com quem contar, nem mesmo para ficar com ele, enquanto tomava um banho, era só eu e o Henrique o tempo todo.
Tivemos que aprender, sozinhos.
Os meses foram se passando e tudo continuava igual, era choro dia e noite. Sem descanso!
Meu marido estava de férias, mas tinha questões a resolver sobre a construção da nossa casa, então, não ficava o tempo todo comigo.
Eu não conseguia pensar em nada, estava sempre aérea, sem cabeça para pensar em qualquer coisa, ele que resolvia tudo.
Me pedia para decidir alguma coisa na decoração da casa e eu não conseguia, só sabia chorar. Não tinha forças para pensar, andava sempre cansada, estava no meu limite.
Quando Pedro completou 3 meses, nos mudamos para a nova casa. Até aquele momento, estávamos morando de aluguel, porque tínhamos vendido nosso imóvel, dias antes do Pedro nascer.
Achei que quando nos mudássemos, as coisas também mudariam, estaríamos na nossa casa,  mais calmos e organizados,  mas nada mudou.
Vivia cansada, irritada, não tinha ânimo.
O Henrique já tinha voltado a trabalhar e eu ficava sozinha com o Pedro, não conseguia fazer os serviços da casa, ficava com ele o tempo todo no colo.
Aquilo me destruía,  porque sempre fui neurótica por limpeza e organização. E só conseguia fazer alguma coisa, quando o Henrique chegava do trabalho, que ficava com ele.
Estava fatigada, não aguentava mais, todo o meu corpo doía, era um peso que não sabia de onde vinha.
Todas as vezes que levávamos o Pedro no pediatra, eu questionava a possibilidade dele ter refluxo, pelo fato de chorar muito.
Mas ele sempre dizia que era normal e que todo bebe chorava.
E assim, fomos levando, sem respostas. Tudo continuava  do mesmo jeito e eu estava prestes a pirar e sumir.
O Henrique estava pronto para ir ao trabalho, quando tomei a atitude de ir atrás de respostas,não ficaria mais um dia daquele jeito. Peguei o Pedro e disse que o levaríamos a Emergência, porque eu estava quase enlouquecendo e assim não dava para ficar, não aguentava mais tanto choro.
Naquele momento, ele pode ver a gravidade da situação e fomos.
Para nossa sorte, era o pediatra dele que estava de plantão no hospital, falei tudo que estava se passando e que precisava de ajuda e não tinha mais o que eu poderia fazer.
Ele fez alguns exames, que deram todos bons.
Insisti novamente na hipótese de ser refluxo e dessa vez ele me ouviu, resolveu entrar com o tratamento, para a graça de Deus!
Com quinze dias de medicação, o Pedro mudou da água para o vinho, dava para ver uma boa melhora.
Chorava menos e dormia um pouco melhor, já podia ver uma luz no fim do túnel.
Ele foi melhorando e dava para perceber que aquele olhar tristinho, aquele olhar de dor, estava dando lugar há um semblante mais leve e tranquilo.
Ele estava tentando ser o bebe, que ele deveria ser desde o inicio, se não tivesse tantos incômodos,  na vidinha dele.
Estava chegando o momento que poderíamos curtir cada fase, sem tanto sofrimento para todos.
Era para ser só alegria, daquele dia em diante. Mas infelizmente, aquela altura eu já não era mais a mesma, não me reconhecia, não havia muita alegria no meu olhar, a depressão já havia tomando conta de mim.










quinta-feira, 7 de maio de 2020

Meu Parto



Chegamos no hospital por volta as 19hs, conforme havíamos combinado com meu médico.
Fomos atendidos assim que chegamos, fizemos todo processo de triagem e já fui para a sala pré-parto.
Enquanto meu marido fazia a internação, já foram me preparando, colocando sonda, trocando de roupa e tudo mais para a cesária.
Meu marido estava demorando com a liberação da internação e eu com uma vontade enorme de ir ao banheiro, bexiga explodindo, mas não conseguia fazer xixi, a sonda incomodava, doía muito, ardia demais.
No caminho para o bloco, comentei com a enfermeira sobre o desconforto com a sonda, e ela me disse que eles ajeitariam durante a cirurgia, porque provavelmente estava mal colocada.
Por um instante, achei que meu marido não chegaria a tempo de entrar na sala comigo, para ver o parto.
Porque ele tinha ido fazer a internação e não voltava mais.
Quando estava para entrar na sala, consegui ver ele próximo a porta, me esperando. Que alivio!
Disseram para eu ficar calma que ele iria se trocar e estaria comigo no momento do parto.
Me colocaram sentada na maca e logo veio a anestesista.
Explicou como seria o procedimento e começou a aplicação da anestesia
Não demorou muito e eu já  não sentia minhas pernas, só as via sendo levantada de um lado para o outro, não pareciam ser as minhas, porque não as sentia.
Quando o Dr. Márcio fez o corte, meu marido entrou, foi o tempo dele chegar e o Pedro Henrique veio ao mundo.
Nasceu as 21:46 do dia 27/04/2017, com 48 cm, pesando 3.230kg e apgar 10.
Saudável, lindo e abençoado.
Mostraram ele e levaram para o pediatra examinar e fazer os procedimentos. Limparam e o Henrique pode traze-lo para mim.
Estava calminho, tranquilo, um anjinho.
Ficou um pouco comigo e o levaram novamente para dar banho e colocar a roupinha.
O Henrique pode ficar o tempo todo acompanhando ele, em todos os procedimentos. Não o deixou sozinho nem por um momento.
Enquanto o Dr. fechava minha barriga, senti uma grande pressão no peito, que me deixou assustada um pouco, falei para ele o que estava sentindo e ele disse que era uma coisa normal,que poderia acontecer por causa dos medicamentos.Tentei me tranquilizar.
Logo, me levaram para a sala de recuperação, onde ficaria em observação, até a anestesia passar.
Chegando lá, o Pedro já estava no colo do pai, me esperando, pude pegá-lo e dar de amamentar.
A enfermeira me ajudou, explicou como fazia para ele pegar o peito certinho, mas o leite ainda não havia descido, ele sugava e não saia nada.
O Pobrezinho chorava de fome e nada o acalmava.
E eu desesperada, porque não conseguia me mexer para atender ele.
Até que veio uma enfermeira e o pegou, conseguiu acalmá-lo e faze-lo dormir.
A anestesia começava a passar e eu sentia os efeitos colaterais, tremia descontroladamente, sentia muito frio, me encheram de cobertas, até que foi melhorando.
Quando deu 3hs da manhã fui para o quarto e o Pedro dormiu aquele resto de noite, todinho em cima de mim.
Não acordou para mamar, foi acordar só pela manhã.
Dei o peito a ele, pegou bem rápido, sugava direitinho, mas saia pouco leite, somente aquele primeiro leite, mais clarinho, o colostro.
Mamou a manhã toda, porque parecia que não o sustentava.
E a tarde, dormiu o tempo todo.
As visitas foram para vê-lo e ele só dormia, não queria nem mamar.
As enfermeiras insistiam que tinha que acorda-lo para  mamar, de 3 em 3 horas, mas nada o acordava.
Estava perfeito, porque parecia que ele seria muito dorminhoco.
Engano meu, naquela noite, de sexta para sábado, ele chorou a noite toda, nada o acalmava.
Embalava de um lado para o outro, dava de mamar, o Henrique balançava e nada.
Eu chegava a dormir em pé de tão cansada, porque na noite anterior já não havia dormido.
As 5 hs da manhã, ele se cansou e dormiu, para a felicidade de todos.
Eu continuava sem conseguir dormir, só conseguia tirar uns cochilos.
No sábado, nosso querido médico, foi ao hospital somente para nos dar alta.
Que felicidade, poder ir para casa e agora com mais um integrante da família, nosso pedacinho de amor.
Só pensava em curtir aquele momento tão lindo, somente eu, ele e o papai.
Com certeza,  em casa as coisas seriam mais tranquilas, no nosso canto, no nosso ninho.
E até que enfim, fomos para casa!





quarta-feira, 6 de maio de 2020

Tentando a segunda gravidez





Seis meses, após o aborto, resolvemos tentar a segunda gravidez.
Não desistiríamos do nosso sonho.
Repeti todos os exames e tudo estava certo, era só começar as tentativas.
Estávamos a quase um ano de novo e nada de vir o positivo.
A ansiedade nos consumia a cada mês.
Resolvemos investigar as causas, o porque da demora, se tudo estava bem. Pensamos que  poderia ser algo com meu marido e fomos mais a fundo na busca por respostas. Ele fez todos os exames e tudo estava bem, conforme diziam os resultados.
Não tínhamos o que fazer, a não ser rezar e esperar a nossa hora chegar.
Todo mês era uma frustração, quando a "monstra vinha". Mas continuávamos firmes esperando nosso arco-iris.
Em agosto de 2016, para nossa surpresa, descobrirmos que seriamos pais novamente.
Foi uma nova alegria, só que dessa vez, com um pouco de medo e insegurança de tudo se repetir.
Esperaríamos dessa vez para contar a família, pelo menos os três primeiros meses, que são os mais arriscados.
Dessa vez, já tinha um obstetra que me acompanhava.
Agora era diferente, tudo para dar certo, com mais tranquilidade, já que tinha alguém para me orientar.
Estávamos curtindo aquele momento, quando fui ao banheiro e notei uma sujeirinha de sangue na calcinha.
Pensei, outra vez, não!
Fiquei muito nervosa e mandei mensagem para meu obstetra, que logo me pediu para fazer repouso, mas se continuasse o sangramento era para ir até a emergência do hospital.
No dia seguinte, continuou saindo uma sujeirinha, sempre que passava o papel.
Falei para o meu esposo e fomos para a emergência.
Tivemos sorte de quem estava atendendo no plantão, era meu obstetra.
Pediu que eu fizesse o beta HCG, para confirmar a gravidez, porque eu só tinha feito o de farmácia.
Esperamos o resultado e realmente, positivo.
Fiz também uma ecografia, mas estava muito no inicio. Não conseguimos ver nada, além do saco gestacional, retornaríamos depois de quinze dias para repetir.
Continuei de repouso nesse tempo,  porque continuava saindo manchas de sangue.
No dia  do retorno, podemos ficar mais aliviados, porque estava tudo bem, estava de poucas semanas e não dava ouvir o coraçãozinho, mas estava tudo normal.
O sangramento continuava, pouco, mas vinha.
Relatei ao meu obstetra, que me receitou um medicamento.
Comecei a tomar e tudo normalizou, graças a Deus, tomei durante três meses, junto fazia o repouso absoluto.
Até que enfim, aquele momento tão delicado e perigoso passou e podemos curtir mais e contar a todos.
Tive uma gravidez muito tranquila, não tive enjoos, não inchei, meu cabelo e pele ficaram ótimos, foi maravilhoso.
Era muito mimada e paparicada por toda família.
Não engordei muito, meu rosto ficou fino, só a barriga, enorme.
Me sentia plena e realizada.
Estava indo perfeitamente bem, fazia uma ecografia por mês e aquilo me tranquilizava.
Podíamos ver que o bebe crescia saudável.
Ouvimos o coraçãozinho pela primeira vez com sete semanas, muita emoção em saber que a nossa sementinha crescia bem!
Descobrimos o sexo com dezesseis semanas, seríamos papais de um meninão.
Confesso que na hora fiquei um pouco chateada, porque meu marido queria uma menina e eu queria agradá-lo.
Mas, logo aquele sentimento passou, porque o que importava é que ele estava bem e que seríamos papais, como sonhávamos.
Só tinha que agradecer a Deus por aquela benção.
Com trinta e oito semanas, em uma consulta de rotina, meu médico ficou assustado porque minha pressão estava alta.
Sai do consultório direto para o hospital, segundo ele, eu poderia estar com Pré - eclampsia.
Fiz o exame, negativo para pré-eclampsia.
Tive que ficar no hospital até a troca plantão,  porque meu médico assumiria o posto e decidiria o fazer diante daquela situação.
Conforme orientação dele, dependendo do resultado,  teria que ser feito uma cesária de Emergência. Mas não foi preciso.
Tudo se normalizou e  ele decidiu esperar, fechar as trinta e nove semanas para fazer a cesária, com calma e no tempo certo.
Deu medicamentos para a pressão e agendou o parto para a outra semana.
Que nervoso sabendo que o meu pequeno iria chegar e tudo mudaria.
Enfim, chegou o dia, de conhecer meu tesouro. O dia que seria uma nova pessoa e que teria mais alguém em minha vida, para amar e proteger.
Minha vontade, desde o inicio era parto normal, mas não foi como planejei e sim, como os planos de Deus.
Entre minha vontade e a saúde do meu menino, não tinha dúvidas!
Escolheria o que fosse melhor para ele e obviamente para mim.
Sempre tive plena consciência de que faria o que fosse menos arriscado para nós e minha pressão estava instável, então não arriscaria.
Não me arrependo de como foi, o que importava era que ele estivesse ali comigo bem e cheio de vida.
Assim, ele veio ao mundo!





terça-feira, 5 de maio de 2020

Relato primeira gravidez- parte 2

Conforme me orientaram no hospital anterior
Fomos até o Hospital de Santa Casa, lá já teria um médico esperando por mim e que iria me ajudar.
Chegamos e realmente já estavam me aguardando, a médica do outro hospital, havia passado meu caso para essa médica de plantão.
Me atenderam, fiz a triagem e então, ela conversou comigo. Disse que iria fazer a curetagem, mas que não poderia ser naquele dia, porque eles não faziam cirurgia a noite, isso porque já era umas 8 horas da noite.
Que eu poderia ficar internada se eu quisesse, mas faria a cirurgia só pela manhã.
Resolvemos ir para casa e voltar no outro dia.
No dia seguinte, chegamos ao hospital as 7hs da manhã. Fizemos a internação e fui para a ala obstétrica, onde fui medicada. Colocaram 2 comprimidos no meu útero para dilatar.
Fiquei em observação, esperando o remédio fazer efeito, em um quarto com outras mulheres em trabalho de parto.
Sabia que não era o melhor lugar naquele momento. Porque muitas mães sairiam dali com seus bebes nos braços e eu com o colo vazio.
Isso me deixava muito triste, aquela espera doía demais, foram muitos pensamentos naquela sala.
As horas foram passando e nada acontecia comigo, o que me restava era esperar.
Não sentia nenhuma dor física, só umas cólicas bem leves. Mas o emocional, ah... esse doía muito, lembro de tudo, como se fosse hoje.
As 15horas, uma obstetra residente veio ver como eu estava reagindo ao medicamento.
Fez o exame de toque para conferir a dilatação.
Quando ela enfiou os dedos, foi como se tivesse arrancado meu útero.
Nessa hora doeu muito e eu me contraia e ela falava que eu tinha que relaxar.
Mas, cada vez doía mais e mais.
Foi quando desabei, tava segurando toda aquela dor, porque queria me mostrar fraca. Mas não aguentei.
Foi quando um anjo apareceu para me socorrer, a enfermeira chefe, vendo meu desespero, chamou o obstetra chefe da equipe. Ele veio com a maior calma, conversou comigo, explicou o que iria fazer.
Ele precisava fazer o toque novamente e acreditem, não senti nada.
Constatou que eu estava perdendo muito sangue e que minha dilatação estava total, hora de ir para o centro cirúrgico.
Era 16horas, quando a Enfermeira chefe me acompanhou até o bloco cirúrgico.
Fui muito bem recebida por todos, desde as enfermeiras, o anestesista e o médico.
Fizeram de tudo para me manter calma, até me apagarem com a anestesia.
Acordei na sala de observação as 18horas fiquei ali até me recuperar.
Por volta das 19hs tive alta.
Meu marido, estava a minha espera, angustiado,nervoso, sem saber como eu estava.
Ficou no hospital o tempo todo, sozinho, me aguardando.
Eu imagino o sufoco que ele deve ter passado ali enquanto aguardava.
Graças Deus pude ir para casa e descansar.
Foram dois meses de angustias e medos, doze horas de solidão, naquele ambiente gelado e sombrio.
Mas finalmente, tudo se resolveu,pude sentir minha dor,  minha perda, meu luto, somente eu e meu marido!



Relato primeira gravidez - Parte 1



Minha primeira gravidez foi muito bem planejada, meu marido e eu, sempre conversamos muito sobre todas as nossas decisões. Decidimos que eu iria parar de trabalhar para tentarmos a gravidez. Eu estava com 29 anos, fui na minha ginecologista e falei que queria me preparar para engravidar. Ela solicitou exames e entrou com o ácido fólico, queria estar bem, para a esperar o bebe.
Em 2014 começamos com as tentativas. Durante esse tempo, foram muitos testes negativos, minha menstruação era desregulada e por isso, nunca sabia quando estava no período fértil. Estava para fechar 1 ano tentando, quando veio a surpresa, o positivo! Nossa...que emoção, que alegria, pois estávamos preparados e queríamos muito ser pais.
No dia seguinte, fui ao Posto de saúde para confirmar a gravidez, tudo certo, positivo mesmo. Saímos dali e fomos contar para a família. Todos, assim como nós, estavam maravilhados com a notícia.
Comecei a fazer o pré natal no posto de saúde, porque ainda não tinha um obstetra pelo meu convênio, minha gineco, não exercia mais a função de obstetrícia e eu tinha que ver outro.
Marcamos uma ecografia e no dia anterior ao exame, tive um pequeno sangramento, para o nosso desespero. Saímos correndo e fomos para a emergência do hospital.
Chegando lá, contei o ocorrido, fizeram o exame de toque e o útero estava fechadinho, como deveria estar.
Me encaminharam para uma ecografia de emergência, para ver se estava tudo bem, mas não conseguiram visualizar o embrião, apenas o saco gestacional e a vesícula vitelínica, viram que eu estava com descolamento de placenta, pediram para fazer repouso e retornar dentro de 15 dias, pois poderia ser que eu estivesse no inicio da gestação e por isso não conseguiram ver o feto.
Como se não bastasse todo o nervosismo, fui muito mal atendida pela obstetra que estava de plantão, ela teve a coragem de falar que eu poderia estar com uma gravidez anembrionária, antes mesmo de ver a eco. Eu estava visivelmente abalada, esperava um pouco mais de empatia da parte dela.
Durante o tempo de espera para realizar o novo exame, continuei tendo um pequeno sangramento, tipo borra de café. Sentia que aquilo não era normal, mas mesmo com medo e achando que não estava tudo bem, esperei.
Chegado o dia do exame, fomos com medo, mas também com esperanças que estaria bem.
O médico conseguiu ver o embrião e eu estava de 7 semanas. Porém, não conseguiu ouvir os batimentos cardíacos do bebe.
Poderia ser porque eu estivesse de poucas semanas e sugeriu que repetíssemos o exame depois de 15 dias novamente.
Voltamos para casa ainda mais apreensivos e aguardamos mais um pouco.
Os dias, pareciam meses e lá estávamos nós outra vez, nervosos e ansiosos por respostas. Infelizmente, dessa vez foi confirmado, ele não tinha mais vida, sem sinais de batimentos.
O mundo caiu sobre minha cabeça naquele momento, meu chão se abriu.
Nosso sonho foi interrompido, sem nenhuma explicação, apenas havia acabado.
O laudo saiu como aborto retido, precisei de curetagem, já que o aborto não foi espontâneo, não foi expelido naturalmente.
Nossa saga só havia começado, pois era arriscado manter o embrião no útero, ele precisava ser retirado.
Com o resultado da ecografia em mãos, fomos até minha ginecologista para ela me orientar, o que eu deveria fazer.
Ela como não era mais obstetra, me orientou a ir há algum hospital que tivesse médico assistencial para realizar a curetagem.
Primeiro, fui ao hospital da minha cidade, relatei tudo e me orientaram a esperar para ver se expelia.
Não satisfeita e com medo,  fui em buscas de outros hospitais para mais opiniões do que eu poderia fazer, pois não poderia ficar com o embrião sem vida dentro de mim por muito tempo. Porque não era saudável fisicamente e nem psicologicamente.
Eu poderia pegar uma infecção interna, se ficasse por muito tempo naquele estado.
Fui em diversos hospitais e todos falavam a mesma coisa, que eu deveria esperar.
No quinto hospital, finalmente, encontrei respostas.
Explicaram que eu precisava saber. Disseram que ali eles não poderiam fazer nada naquele momento para me ajudar, mas que me encaminhariam para um outro hospital que resolveria todos os meus problemas.
E assim foi!

Continua...